Seus lábios tão doces;
Envenena-me teu néctar.
Perfumosa a fragrância de seu corpo;
É coração que inquieta ao te ouvir.
É sangue que aquece ao te ver.
Tremores! Fuzilam-me esse teus olhos;
Paixão mórbida é certa!
Perpetua-me em pensamentos
Há delírios por você.
Meus sonhos, rumores;
Sofrer por ti,
Torna-se privilégio para meu ser.
Queria eu estar contigo;
Nesta hora, qualquer hora.
Numa noite que não findasse;
Envenenar-me cada vez mais;
Mais um pouco de você.
Viver; morrer.
Renascer de um suicídio prazeroso;
Implorando para que o tempo;
Petrifique nessa hora.
Viver; morrer e reviver.
Viver em prazer;
Morrer de prazer;
Reviver pelo prazer.
Paulo Florido
Justiça obsoleta; infame.
A tanto, que sega; cala-me.
Minha voz; perdida a tantas!
É só mais uma na multidão.
Se preciso ser amado;
Nem pensar!
Se tento ser feliz;
Estão pronto a negar!
Se tento me expressar!
Jogam-me ao azar!
Suas palavras me corroem.
Feridas; desterro em mim.
Ao fundo de meu ser!
Tranca-se meu eu!
Sou cadeia; só prisão!
Se choro! Ninguém vê!
Se há sorriso; é irônico! Tem medo!
Repreendem-se, dentro de mim.
Ninguém entra; ninguém sai!
Ninguém vê; ninguém fala.
Ninguém liga. É só solidão!
Tudo escuro; anormal.
As palavras cheiram mal.
Lixo do mundo; diálogo do cão.
Futuro incerto; sem destino.
Começo que já finda.
Eu! Prisioneiro de mim!
Eu! Prisioneiro confesso! Sinto...
Vem-me a memoria,
Acasos sublimes.
Surtidos de clamor,
Incita-se ao glamour.
Intuitiva a vaidade;
Eleva-se a vida.
Luxurias; loucura;
Na candura do amor;
Emerge o prazer.
Contagiante seu olhar;
Infinita; és em meu ser.
Acuado ao peito,
Persiste a presa;
Na armadilha do amor.
Prezados argumentos;
Contemplo olhares;
Alegoria em flor.
Não me falha a memoria;
Nada a temer.
Sabatina ao vento;
Nada a perder.
Insinuantes a incógnitas.
Persiste o amanhã.
Teus clamores em meu céu.
Rejuvenescer nas auroras...
Uma brisa em teu véu.
Sempre hei de haver;
Vida aos canteiros.
Camélias e jasmim;
Sonhos ao amanhecer.
Atos regenerados;
Perfumes ao longe;
Surtidos do infinito;
Suspiros revigorados.
Com teus retalhos
Costurei minhas
Feridas.
Agulha e linha
Pontearam
A despedida.
Mas do eis amor,
Não consegui
Calar a dor,
Que em mim
Vigora.
Lá fora!
Fazendo
Vista grossa
Por alguém
Que me ignora.
Melhor fingir
Chorar por outra.
Do que sorrir
Por alguém
Que me usou,
E depois
Jogou fora.
Lá fora!
Melhor fingir
Estar com outra;
Do que chorar
Por alguém
Que me ignora.
Paulo Florido.
Algumas reprises me expõem!
Aos extremos; toma-me.
Difícil descrever o que provém!
O que se impõem.
As demasias! Falam as rugas.
Lágrimas nos olhos; um rio adentro.
O tempo passou; sórdido disfarce.
Desventura a face.
Oscilam os dias.
Elevam-se as noites...
De nada importa!
Sobrevivo às reverias...
Ao retroceder das comportas.
Desenganado pelo mau trato da vida.
Resisto à perversidade das reprises.
Dos dias índoles; refuga o destino;
Fraquejam-se as estimativas.
Quem dera pudesse;
Revigorar minha alma.
Sabendo que é certo;
O que machuca e não acalma.
Não convém retroagir.
Dispersar da insensatez.
Fraquejo outra vez;
Tenho medo de rugir.
Chora o peito magoado;
Descrente pelo que não veio.
Sabendo que a puberdade;
Exilou-se em sua morada.
Noites indeferidas;
Não convém de entender;
O remexer das feridas.
Sabendo o quanto dói;
As incertezas de alguém.
Mas! De tudo ao ruim!
Foi por ti; não merecer.
Ao incubar das lembranças;
Ocultar-me do florescer.
Chora peito;
Pelo desejo intocável.
De esplendor a minha face!
Estética ao irretocável.
Assim! Excluído do feito!
Abrigar-se-ão esses dias;
No abissal; a solidão!
Das reprises as espias;
Holocausto a paixão!
Protestar-se-ão os espinhos;
Pelo êxtase renegado.
Pois o desgosto nos ensina;
Pela frieza dos encantos;
As reprises de uma sina.
Assim diz o destino!
O que não envenena o amor;
Ostenta-se pela dor.
Quando! Ao refugo do ser;
Torna-se a vida sem sabor.
Paulo Florido
Por um surto momento.
Viste-a em prantos;
Pagando com lágrimas
Tributos ao mar.
Temo por ti!
Prevendo os calafrios dispersos pelo ar.
Que o amor não a traía.
Atraindo sua dor para o azar.
Que por ele! Ou sua benevolência!
O mar; não a leve!
Não vá! Vai-se?! Me leve!
Passe logo esta ânsia; seja breve!
Perdoe-me por esse insano amor; excedi!
Imperdoável, foste meu mal; contra ti, infligi.
Magoado ficara teu ego, fui intruso, salteador.
Roubaste de ti gemidos, confidências; dor.
Agora; de peito ferido, sondando sua razão corrompida;
Imploro-lhe com atrevimento, o beijo do perdão.
Amor incondicional, que sega, me rouba o juízo.
Se provem à incógnita, me embriaga a paixão!
Perdoe-me por exceder-me deste cálice.
Se na ardência incontrolável desse amor marginal.
Em transgressão a seu pudor; sujeitaste-lhe a este mal.
Não pude evitar, arrancar de mim esse cale-se!
Acaso! Magoada por meu intruso.
For de sua; ou contra vontade!
Atirar-se ao desconhecido.
Leva-me junto a ti, a maldade!
Penitente; entrego-me ao juízo final.
Que as águas lavem-nos a desonra;
Tornando-se carrasco, o azul já cinzento.
As derivas! Esvaia-se meu tormento.
Fazendo-me merecedor, o pecado capital.
Que seja breve! Nos leve; leve.
Purificada! Louve nossa alma, tênue, nos eleve.
Para que não peque, tão pouco; nunca mais!
Ao proibido; não teime por atentar. Contumaz.
Perdões a minha amada;
Pelo momento incrédulo da carne.
Onde minha índole malvada;
Fizeste cego meu carma.
Se me amas, não me negues!
Se me negas, desterra-me; se queres.
Se acaso extingue-se de mim! Pereço sem ti.
As miras do onipotente!
Perpetuaremos aqui!
Paulo Florido (Eterno quão as flores)
Surfando sobre as ondas,
Dei-me ao tempo do mar.
Perdido em seu olhar;
Te desejei me encontrar.
Sobre o azul das ondas;
Sob o azul do mar.
Sob o azul do céu;
Sobre as ondas do mar.
O vento suspirava.
Respirava-te por inteiro.
Pude sentir tua brisa,
Inspirava-me os desejos.
Sobre o azul das ondas;
Sob o azul do mar.
Sob ao azul do céu;
Sobre as ondas do mar.
O mar se agigantava;
Aclamava-te em segredos.
O vento suplicava;
Pelo instante derradeiro.
Não há via,
Mas podia senti-la;
Sabia que estava lá.
À espera do vento;
À espera do mar.
Sob o azul do céu;
Sobre a mira de seu olhar.
Paulo Florido.
Partiste!
Contigo; pedaço meu.
Noite triste!
M’ alma gemeu!
Ao túmulo! O adeus!
Sentimento sórdido!
Sem brio! Sem sorte!
Ferida nova; de morte!
Sem Deus, meu eu!
Foste a dar;
De viagem ao infinito.
Saudades; já tenho.
Conflitos também.
Desamores; moléstia;
Vão e vem.
Coragem! Sorria!
A vida para novo amor!
Disse-me ela ao partir!
Partindo, o que me era vida!
Atreveu-se o adeus.
Fugiste-lhe a vida;
Sua face desfez.
Aos olhos astrais;
Minha vida; nudez.
Sobre ti, as rosas.
Rumores fúnebres;
Fétidos perfumes.
Só saudades!
Lágrimas em alcova.
Noite sem lua.
Somente rancores!
Senti...
Onde vagarás?
M’amada! Não sei!
Hei-me de ser!
Vida vagabunda.
Amada minha!
Desespero meu.
O tempo não tarda;
Tão pouco; perdura!
Tem hora marcada.
Viagem inoportuna.
Por sorte!
Imortal.
Ao acaso!
Eterno amor.
Paulo Florido
Calado é melhor!
Melhor se fechar.
Cara feia; não revela nada a ninguém.
Certo do que;
Não se pode enxergar;
O que se esconde no íntimo de alguém.
Olhar intimidador;
Nada tem a dizer;
Sabendo que esses olhos;
Viajam longe;
Há quem os veja.
Coração amargurado!
Não se pode prevê;
Contrariando o passado;
Pelo futuro que há de ter.
Não há o que temer;
Do terror nas carrancas;
Desejando que o coração;
Esconda pelas aparências;
Amor e perseverança.
O mal; in memoriam;
Ciente que no amanhã;
Provirá do bem maior;
Juras; a tua glória.
Deus não é visto;
Tão pouco será ouvido;
Mesmo assim!
Agracia ao indivíduo;
Há muito corrompido.
Energia positiva.
Repulsivo ao negativo,
Sabendo que cara feia;
Feio é!
A quem o ironiza;
Ao trocar a falsidade;
Por meros sorrisos.
Paulo Florido.
O despertar da passarada;
Nos galhos do Jequitibá.
Lá ponteia o Siriri;
Enxuga-se o Biguá.
O anu se anarquiza;
Pelos galhos do Ingá.
As Saíras banqueteiam;
Lá no pé de Araçá.
Chiii...Chuá... Sinha...
As aguas irão passar;
Irão de encontro ao mar.
Chiii...Chuá, Sinha...
As lagrimas irão rolar;
Se o Jaçanã chorar.
E quando o sol já vem caindo;
E o azul vai desabando;
Abre a noite o Bacurau;
Que cantando não se cansa.
Cansam os olhos minha vida;
Trocando era; por sonhar.
As orlas do que encanta;
O frondoso Jequitibá.
Chiii...Chuá... Sinha...
As aguas irão passar;
Irão de encontro ao mar.
Chiii...Chuá, Sinha...
As lagrimas irão rolar;
Se o Jaçanã chorar.
Nos meus sonhos
Vou navegando;
Pelo brado Muriaé.
Em suas águas,
Me banhando;
Renovando a minha fé.
Tao verde o contingente;
Confunde-se a ciliar.
Não imensidão das cores;
Adormecem os aguapés;
A sombra do Jequitibá.
Chiii...Chuá... Sinha...
As aguas irão passar;
Irão de encontro ao mar.
Chiii...Chuá, Sinha...
As lagrimas irão rolar;
Se o Jaçanã chorar.
Paulo Florido
Vem amor
Ver a serra enluarada
Onde o vento faz toada
Pela vida
Que desabrochou
Venha flor
Ver o estrelato das estrelas
A valsa dos cometas
Por sua calda
Te envolver
Venha flor.
Disperse
O sorriso
Pelo ar
Os cabelos
A bailar,
Com a brisa
Que vem
Do mar.
Veja flor
Que seja amor.
Os vaga-lumes
Com ciúme
Vieram
Te abraçar.
Vem amor
Seja a flor
Hoje o céu
É logo ali
Meu amor
Beija flor
Hoje o céu
Te faz sorrir.
És bela flor
Há tanto brio
Em teus olhos
Há tanto brilho
Nas estrelas
Uma delas
Piscou pra ti.
Não sinta só amor
Há tanta vida lá na serra
Onde o tempo
Se faz festa
E a lua
Te faz flor
Que seja
Amor
Ao toque
Do Divino
A lua
Omar
Beijou.
Vem amor
Seja flor
Hoje o céu
É logo ali
Meu amor
Beija flor
Hoje o céu
Te faz sorrir.
Paulo Florido